A Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, deu palco à apresentação do projeto de investigação Equals4COVID19, no passado dia 16 de março. Com o objetivo avaliar o efeito da pandemia na saúde e no bem-estar da população imigrante em Portugal, o estudo Equals4COVID19 é financiado pelo Programa Nacional do Fundo Asilo e Integração.
Integrada no I Encontro de Primavera do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB), a comunicação esteve a cargo do sociólogo Pedro Candeias que, perante uma plateia de especialistas em Saúde Ambiental, detalhou os objetivos do estudo.
“A pandemia não afeta todos por igual” – afirma Pedro Candeias, que integra a equipa de investigação do projeto. “Por todo o mundo existem populações vulneráveis, como as pessoas migrantes, que carecem de uma atenção particular por parte dos decisores políticos. Para garantir o acesso equitativo à saúde, essencial para proteger toda a população, são necessárias políticas adaptadas à realidade de cada país, baseadas na melhor evidência científica”, acrescenta.
Quando olhamos para as estatísticas da pandemia em Portugal, verificamos que os grupos socialmente vulneráveis e marginalizados, entre eles os imigrantes, estão sobre representados nos casos de COVID-19, nos internamentos hospitalares, nos cuidados intensivos e nas estatísticas de óbitos associados à doença.
Perante estes factos, o projeto Equals4COVID19 procurará determinar os efeitos da crise pandémica na saúde mental e no bem-estar da população imigrante em Portugal, em particular de pessoas com nacionalidade brasileira e cabo-verdiana.
Neste contexto, o projeto surge como uma oportunidade para compreender as múltiplas formas de desigualdade e de discriminação entre os grupos mais vulneráveis. Devendo a saúde mental ser considerada uma dimensão prioritária na definição de planos estratégicos de resposta à pandemia a nível nacional, regional e local, o foco do estudo incidirá nas áreas onde se concentram as maiores comunidades de imigrantes brasileiros e cabo-verdianos: os distritos de Lisboa, Faro, Porto e Setúbal.
O sucesso deste estudo dependerá da colaboração das comunidades visadas. Para tal, a equipa está a conduzir uma campanha de sensibilização para o tema na rua e nas redes sociais, apelando à participação dos imigrantes brasileiros e cabo-verdianos num questionário on-line. A par desta iniciativa, serão conduzidas entrevistas a stakeholders envolvidos na implementação das medidas relacionadas com a saúde mental e o bem-estar das populações imigrantes durante a pandemia. Serão ainda criados grupos de discussão com pessoas destas comunidades e com profissionais de saúde das Unidades de Saúde participantes de Lisboa, Faro, Porto e Setúbal.
O projeto, que conta com uma equipa de investigadores do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, do Centro de Investigação e Estudos Sociais do ISCTE e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, tem por finalidade fornecer a melhor evidência científica para a produção de recomendações para políticas públicas a dois níveis: por um lado, para a integração da população imigrante em Portugal. Por outro lado, para as boas práticas de capacitação dos profissionais de saúde.
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